Corrente no Neutro ou Terra – Corrente Bifasica – Neutro Flutuante
Causas Técnicas, Danos em Equipamentos e Exclusão de Garantias
Diagnóstico Elétrico: Corrente Indevida no Neutro ou Terra
Corrente no Neutro
- Surge quando o neutro está mal apertado, oxidado ou com resistência elevada.
- Origina uma flutuação de potencial entre neutro e terra (>5V), o que compromete a referência da instalação.
- Cria retorno de corrente imprevisível, ruído harmónico e possibilidade de desequilíbrio entre condutores ativos.
Corrente no Terra
- É causada por fuga de corrente, falta de isolamento, erros de ligação ou ausência de ligação à terra funcional.
- Transforma o condutor PE em via de retorno para corrente alternada, o que é proibido e perigoso.
- Afeta o funcionamento de dispositivos RCD (diferenciais) e pode provocar choque por contacto indireto.
Consequências Técnicas nos Equipamentos
| Equipamento | Consequências Técnicas |
|---|---|
| Caldeiras e esquentadores | Queima da placa eletrónica, erros de ignição, falhas nos sensores, reinício contínuo do sistema. |
| Termoacumuladores | Danos na resistência, termóstato de segurança disparado, deformação da caixa. |
| Ar condicionado | Erro no inversor, falha de comunicação entre unidades, bloqueio de segurança por corrente residual. |
| Fontes de alimentação (TV, PC, routers) | Ruído AC no circuito DC, sobreaquecimento de componentes, explosão de condensadores SMD. |
| Inversores solares | Erro “Earth Fault”, paragem de emergência, deteção de fuga à terra contínua. |
Comportamento dos Fabricantes e das Garantias
Durante uma assistência técnica ou pedido de garantia, os fabricantes e técnicos qualificados realizam testes de referência à instalação elétrica. A deteção de tensão superior a 5V entre neutro e terra, ou a presença de corrente alternada no condutor PE, é motivo técnico para exclusão imediata da garantia.
Verificações técnicas realizadas:
- Medição de tensão entre fase, neutro e terra com multímetro calibrado.
- Teste de continuidade e resistência da terra (valor inferior a 30Ω obrigatório).
- Verificação da existência de proteções diferenciais e SPD (Surge Protection Device).
Consequências da deteção de anomalias:
- Perda total de cobertura da garantia, mesmo dentro do prazo legal.
- Reparação apenas mediante orçamento aprovado e pago.
- Entrega de relatório técnico com justificação da exclusão (conforme normas CE e RTIEBT).
Responsabilidades do Instalador e do Cliente
A responsabilidade por garantir uma instalação elétrica segura é partilhada. O técnico deve avaliar previamente as condições da instalação e recusar a colocação de equipamentos em quadros sem terra funcional, diferencial ou SPD. Por outro lado, o cliente deve garantir inspeções regulares à instalação e não permitir alterações feitas por não profissionais.
Boas práticas obrigatórias:
- Instalar proteção diferencial de 30mA em todos os circuitos.
- Garantir ligação à terra com resistência inferior a 30 ohms.
- Separar circuitos de potência e eletrónica no quadro.
- Registar e documentar toda a intervenção elétrica com fotos e medições.
Conclusão
A expressão “bifásico”, frequentemente utilizada em Portugal, é tecnicamente incorreta e mascara problemas graves de instalação. A presença de corrente no neutro ou no terra é uma anomalia séria, com consequências destrutivas para equipamentos modernos e total exclusão da responsabilidade dos fabricantes. A única forma de garantir a segurança e preservar garantias é através de uma instalação rigurosamente verificada, protegida e certificada.
Em caso de dúvida, a inspeção elétrica por técnico certificado é não só recomendada — é obrigatória.

